3 de dezembro de 2010

Dias sim, dia não eu vou sobrevivendo sem um arranhão



A afirmativa do compositor brasileiro Agenor de Miranda, já falecido, que compõe o título deste post não me serve completamente. Na verdade tenho saído bem avariado dos dias sim, dia não.

Houve, não sei se há sempre, um efeito retardado, talvez um medo proporcional ao tempo que passa desde o acidente. É comum você tirar o pé após passar tão perto da morte, mas eu talvez tenha mais pressa agora.

Você sai vivo de um acidente, que não foi tão ruim assim, mas também não foi tão bom. Na hora da graças a Deus que nem acredita, troca de roupa e tenta curar os machucados visíveis. Difícil é tirar da cabeça os segundos entre a calmaria noturna asfaltica da estrada e a pancada seca sem aviso no concreto.

Medo, nossa espécie não está aqui pela coragem.

Depois de um tempo vê, não apenas pelos cortes, hematomas e dores musculares, que muita coisa se perde, não apenas o material, você morre um pouco. Nessa troca constante de experiências diárias, ficou um pouco de mim lá no Km562,3. Da mesma forma que a estrada também me deu um pouco dela. O que? Não sei.

4 comentários:

  1. Cara, há alguns anos, mas de 10, eu bati num caminhão Scania, na chuva, de noite, na Marginal Tietê. Ele me fechou, e eu perdi o controle do carro, que entrou debaixo do caminhão. Ele bateu na lateral e meu carro que rodopiou sei lá quantas vezes...
    Depois disso, eu tirei mesmo o pé do acelerador. Vou sempre à Ilha Bela e volta e meia vejo uns acidentes fatais na Rio-Santos. Não vale a pena correr, não...

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  2. Cara, não estavamos correndo. Minha pressa é pra concretizar outras coisas. Mas tks pelo comment.

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  3. E que é nessa hora que a gente vê que temos muitos projetos, o qual nem damos conta e que temos pouco tempo pra realizá-los. A vida é corrida contra o tempo. E com certeza, muita coisa mudou depois do acidente. Um pouco de nós ficou lá, mas acho que a estrada, o km fez nascer outro pedaço em nós.

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